17 janeiro 2012

Fanfics #8 - O MELHOR PRESENTE - série Estrelas Cadentes

Postado por Luisa Ortega às terça-feira, janeiro 17, 2012


Olá leitores; feliz 2012.

Mais uma vez aqui estamos, com minha coluna de contos. Durante esse ano, vou dar o meu melhor para entreter todos vocês.


Hoje, trago mais um conto da minha série Estrelas Cadentes. Espero que gostem; beijos.




O MELHOR PRESENTE

Em uma semana, completaríamos um ano. Em uma semana, faria seis meses. Em uma semana seria meu aniversário. E aquele seria o primeiro aniversário de todos os meus anos de vida que eu odiria o dia antes mesmo de começar.

Eu simplesmente não queria que tal dia chegasse, não queria receber os parabéns que todas as pessoas me dariam, não queria os presentes que eu receberia, eu apenas queria que tal dia não existisse, que fosse extinto, que eu durmisse no dia anterior e acordasse somente no dia seguinte.
Não aguentaria o tormento, não conseguiria fingir um sorriso, nem para não deixar as pessoas ao meu redor preocupadas, porque uma coisa que eu não estava era feliz. Eu sentia ódio, nostalgia, tristeza, saudade, tudo menos felicidade.

Eu costumava contar os dias para meu aniversário, mas um aniversário me lembrava outro, e todos eles me remetiam aos meus dezesseis anos, a melhor noite da minha vida, a qual foi proporcionada pela mesma pessoa que me deu a pior noite de todas.

Ainda faltava uma semana, e as memórias já estavam me torturando. Por que essa dor simplesmente não desaparecia? Por que eu simplesmente não o esquecia? Essas perguntas rodavam minha cabeça, assim como as lembranças, desde o dia em que eu descobrira da dupla traição envolvendo meu namorado e minha melhor amiga. Seis meses já haviam se passado desde então, e eu ainda não sabia como eles foram capazes de fazer algo assim comigo.

-Não vai mesmo fazer nada no seu aniversário? – minha mãe perguntou ao me ver jogada na cama, tirando-me assim dos meus pensamentos. Várias vezes naqueles últimos dois meses ela fizera tal pergunta, e minha resposta se manteve a mesma de sempre. Nada mudaria, eu não tinha vontade nenhuma de fazer uma festa. Comemorar o que? O que tinha para se comemorar em uma traição como aquela.

~~*

Talvez por perceberem que eu não estava em clima de festa, nenhum dos meus amigos perguntou se eu faria alguma coisa, nem sequer comentaram que meu aniversário estava próximo. De fato, eu fiquei chateada com isso, mas sozinha em casa, eu realmente agradeci que ninguém lembrasse.

Quando o dia chegou, no entanto, eu esperava que pelo menos um “Parabéns” eu recebesse de alguém, algo que eu não escutei de ninguém, nem da minha família, pois quando acordei já estava sozinha em casa.
-O que você tem? – Bruno perguntou sentando-se na cadeira a frente da minha quando a aula terminou. Sempre ele. Por que quando eu queria ficar sozinha, ele sempre aparece? De todas as pessoas, ele era o último que eu ver num momento de solidão como aquele. E, no entanto, ele era o único que parecia se preocupar comigo.

-Esse dia não me trás boas lembranças. – não precisava esconder nada dele, afinal Bruno sabia de tudo, sempre soubera. Era até irritante como ele conseguia ler minha mente e como usava isso para me torturar.
-Como você pode estar tão triste no seu dia? – a expressão de Bruno era a mesma de sempre, irritante e sarcástica, mas seu tom de voz era tão doce que por um momento eu acreditei que ele estava realmente preocupado comigo.

-Fala logo o que você e para de me irritar! – a falsidade no tom de voz de Bruno sempre me irritou, e ele sabia disso, sempre soubera. E o fato de me irritar parecia um motivo para ele usá-la com freqüência.
-Quero sair com você. – Bruno disse, me fitando. Eu observei seu olhar... Eu conhecia aquele olhar, eu já o havia visto com aquele olhar em outra ocasião. Mas quando? – E eu estou falando sério. – complementou, percebendo minha expressão de desconfiança. – Quero fazer desse dia um dos melhores da sua vida. – ele se levantou da cadeira e estendeu o braço em minha direção. – Permite?

Acreditar nas palavras de Bruno nunca foi fácil para mim. A experiência sempre me alertou a confiar nele com um pé atrás; sempre que ele vinha me procurar tão calmamente era porque estava armando algo contra mim. Porém, pior do que eu já estava não podia ficar, então me deixei levar por suas palavras, as que se provaram, pela primeira vez, serem sinceras. Bruno tirou um roteiro impresso do bolso assim que saímos da escola. Aparentemente já havia programado o dia inteiro, levando-me assim para lugares que eu nunca fora.
Primeiro, levou-me a um parque perto de onde morava. O que me pareceu um parque pequeno e simples, se revelou depois um floresta completa. Bruno me levou por entre as árvores, até que chegássemos a uma clareira. Lá ele jogou ambas as nossas malas no chão e deitou-se ao lado delas.

-Vai ficar apenas me olhando? – perguntou, ao perceber que eu não fizera o mesmo. Seu olhar era convidativo, forçando-me a deitar ao seu lado. – Agora, feche os olhos. – ele disse, fechando os próprios. – Apenas sinta. – segui suas recomendações, não sabendo exatamente o que ele queria que eu sentisse no meio de uma clareira em uma pseudo-floresta dentro de um parque.

De olhos fechados comecei a escutar uma música bem baixa, misturada com o barulho do vento balançando as folhas da árvore. O frio que eu deveria sentir com o vento era quebrado pelo calor da luz do sol ali no meio da clareira, onde estávamos. Minha mente se esvaziou de uma forma que eu não sabia dizer exatamente por quanto tempo fiquei ali.

-Amanda, eu... – só então me dei conta de onde estava, abrindo aos poucos os olhos. Minha única visão era o rosto de Bruno, muito perto de mim. O corpo todo de Bruno estava perto, eu sentia seus braços e suas pernas ao meu lado, sentia também sua mão na minha. Bruno me olhava de um jeito tão diferente do que eu costumava ver. – Eu... – aparentemente ele queria me dizer algo que não conseguia ou não sabia por onde começar.

-O que foi?

Minha pergunta o fez mudar de expressão e soltar sua mão da minha. O garoto desviou o olhar de mim e se sentou, sem dizer nada. Ainda em silêncio, ele se levantou e pegou as duas mochilas.

-Vamos?


~~*

Bruno me levou de volta ao parque comum, onde ficamos tempo o suficiente para que ele tirasse algumas fotos de mim. Em seguida, me levou a uma casa de chá, surpreendendo-me. Nunca estivera em uma casa de chá, nem sequer sabia o que era aquilo. Lá comi salgados e doces que nunca havia provado antes; a cada mordida mais me satisfazia. Bruno me observava a cada movimento que eu fazia, como se quisesse registrar algo.

-Seu sorriso é lindo, sabia? – ele disse de repente. – Eu gosto de você assim, sorrindo. Não gosto de você sorrindo.

De fato, fiquei encabulada. Bruno nunca havia dito nada parecido com aquilo para mim. Na verdade, não me lembrava de ter sido elogiada por ele em nenhuma situação. Não importava quando, nem como, Bruno sempre encontrava um jeito de me criticar.

-Cadê o verdadeiro Bruno? – brinquei, sem saber exatamente o que dizer a ele. – O Bruno normalmente diria que eu como que nem uma porca.

-O Bruno tem seus momentos de carinho de vez em quando. – ele disse abrindo um sorriso sarcástico. – Mas não precisa nem se preocupar, já que não gostou. Tenha certeza que momentos como esses nunca mais se repetirão, principalmente com você. Não há muito no que te elogiar.

Era incrível como, mesmo com ele me tratando sempre mal, eu não conseguia imaginar minha vida sem ele. Talvez pelo fato de que eu nunca vivera sem ele, Bruno era meu amigo desde que eu aprendera a abrir os olhos.

Bruno pagou a conta assim que nos satisfizemos. Já estava anoitecendo quando saímos da casa de chá, mas ainda sim ele me levou ao terceiro e último destino: um observatório de estrelas.

-O meu pai trabalhava aqui. – ele disse ao chegarmos a frente ao observatório. - Eu nunca mais passei nem perto daqui desde que... – Bruno parou de falar ao encontrar meu olhar.

-Tem algo aqui dentro que você quer me mostrar?

-Na verdade, tem. – Bruno pegou minha mão e me levou para dentro do observatório. Lá dentro, eu percebi que ele estava vazio e em silêncio.

-Não tem ninguém aqui? – perguntei um pouco receosa.

-Tem sim, mas eu pedi para não nos atrapalharem na nossa passagem. Por aqui. – Bruno indicou o caminho até uma grande sala com um telescópio no centro. – Venha aqui. – ele me chamou depois de me deixar apreciar a sala. – Você gosta de estrelas? – perguntou, mostrando-me um enorme mapa astral. – Essas são todas as estrelas enxergadas a olho nu da Terra.

-É muito bonito. Dá para enxergar isso pelo telescópio?

-Na verdade, dá sim. Mas, eu teria que mexer nele, o que eu não vou fazer, pois ele já está focado em algo muito mais importante.

-O que? – o tom de suspense de Bruno estava me assustando. Nunca gostei do jeito com que ele usava sua voz para prender minha atenção. Abrindo um sorriso sarcástico, como se rindo da minha expressão, ele pegou minha mão e me levou ao telescópio.

-Dá uma olhada. – ele sugeriu quase como se me ordenando a fazer. Preferi seguir suas instruções e olhei através do telescópio: no foco da lente, uma pequena estrela brilhava. Ela parecia tão pequena, tão longe, mas ainda sim, vê-la me fez sentir como se ela estivesse perto de mim. – Gostou? – eu não o via, mas sua voz revelava que ele estava sorrindo. Eu apenas balancei a cabeça, afirmativamente. – Ela é sua.

-Minha? – perguntei assustada, afastando-me do telescópio.

-Não sua, exatamente, ninguém é dono de uma estrela. – às vezes Bruno me tratava como criança. Em outras, me tratava como uma idiota. E eu não sabia o que era pior! – Mas ela tem o seu nome. – entregando-me um papel ele sorriu.

-Você tá falando sério?

-Feliz aniversário! – não consegui conter nem meu sorriso, nem minhas lágrimas. Se eu achava que Gustavo tinha me dado, um ano antes, um presente inesquecível, era apenas porque eu não sabia o que me aguardava no futuro. Eu não tinha palavras para agradecer a Bruno não apenas por aquele certificado, mas pela preocupação comigo, pelo dia que ele me proporcionara, então o abracei. Ele sim era o melhor presente que eu poderia receber.


@seasonsx 

1 comentários:

Naniedias disse...

Lu, me passa o link para o início dessa fanfic - não quero começar a ler da metade ><

Beijos,Nanie - Nanie's World

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