29 junho 2011

Nova Coluna - Fanfics #2

Postado por Luisa Ortega às quarta-feira, junho 29, 2011
Olá novamente, meus leitores.

Aqui estou eu mais uma vez com minha coluna de fanfics.

Quero primeiramente agradecer os comentários na última postagem. Fico realmente muito feliz em saber que curtiram o que eu apresentei.

Antes de entregar-lhes o conto dessa vez, gostaria de falar um pouco sobre ele. De fato, ele parece incompleto ao final; a princípio, eu não pensava em continuar, mas ultimamente tenho pensando em dar um novo final a eles. O que acham? Esse conto merece uma continuação?

Espero ansiosa a resposta de vocês, e que gostem tanto desse texto quanto eu gostei de escrevê-lo.


LAREIRA




-É uma menina – disse o médico, e essas foram as últimas palavras que eu escutei antes de sentir o peso fechar meus olhos. O torpor, no entanto, não bloqueou todos os meus sentidos, eu ainda sentia o calor da mão dele ao segurar com força minha mão, tentando passar toda segurança possível para mim; ao poucos a força foi se dissipando, como se ela soltasse minha mão com delicadeza, e antes de adormecer finalmente, eu senti minha filha sendo colocada ao meu lado, estava cansada demais para sequer olhá-la, mas só de senti-la ali nos meus braços, já era o suficiente para me sentir completa, e melhor que a sensação que percorria meu corpo, foi sentir outro calor pelos meus braços; ele me abraçava. Foi no calor de minha família que eu adormeci, feliz.

~~*

O almoço do dia seguinte já havia passado quando eu finalmente acordei na cama do hospital, pela janela eu via o fim do crepúsculo, o céu londrino já não estava tão alaranjado, estava quase em breu total. Sorri ao lembrar que os nove meses de espera haviam finalmente terminado, trazendo a tão esperada alegria. Olhei para as cobertas que me mantiveram aquecidas durante meu sono pesado, eram muitas e por cima ainda havia um edredom. Ao tirar os braços de baixo do calor, eu entendi. O quarto vazio estava frio, mesmo com a janela fechada, e não era pelo sol de fim de tarde. Era inverno, como me esquecera? Não podia esperar algo diferente disso.

Senti meu estômago mexendo-se, queria atenção. Não havia ninguém no quarto a quem eu pudesse pedir algo para comer, toquei então a campainha, acima de minha cabeça, chamando a enfermeira. Enquanto eu a aguardava, estranhei estar sozinha, nem sequer meu amado estava ali. Provavelmente ele estava admirando a nossa bela filha, a qual eu não sabia exatamente como era, mas imaginava que tivesse puxado os olhos verdes escuros do pai e meu cabelo ruivo, uma princesa; era provável também que meus pais ainda não houvessem chegado da viagem até Londres e nem meus irmãos. Mas mesmo sabendo que havia razões para estar sozinha, meu corpo tremeu em agonia.

A porta do quarto então finalmente abriu, e uma enfermeira de cabelos loiros e olhos bem escuros entrou, o olhar um pouco cansado, com certeza pelo trabalho. Ao me ver acordada, seus olhos assustaram-se um pouco; ela abriu um pequeno sorriso e me deu boa tarde, andou então até minha cama e perguntou se eu queria que ela ajeitasse a cama. Respondi que sim e agradeci; atenciosa, a enfermeira perguntou se eu estava com fome e eu apenas balancei a cabeça afirmativamente. Ela se virou então, prometendo trazer algo bem gostoso.

Depois que ela se retirou do meu quarto, virei meu rosto para a parede. Agora que eu estava sentada, era pior ainda ver o lugar tão vazio. Algo dentro de mim fazia com que eu me sentisse mal. Por sorte, não demorou muito para a porta abrir-se novamente, no entanto não era a mesma enfermeira: trazendo nas mãos uma bandeja com o que provavelmente seria meu jantar, era uma mulher morena, os olhos escuros, mas não tanto quanto os da enfermeira anterior.

Algo no olhar dela, no entanto, fez com que as borboletas do meu estômago entrassem em pânico. Ela me olhava preocupada, mas não como se fosse algum problema com ela, mas sim eu tivesse algum problema. A enfermeira colocou a bandeja no suporte e trouxe em minha direção. Eu agradeci e comecei a comer, a comida não tinha um gosto muito bom, mas era melhor do que passar fome. Eu olhei para o lado a mulher ainda estava no quarto, sentada em um dos sofás de companhia, ainda me olhando preocupada; estranhei, pois eu achava que ela já havia me deixado sozinha novamente.

-Algo errado? – ela perguntou, percebendo meu olhar. Não respondi, não sabia o que dizer. – Vou ficar apenas alguns instantes, se é isso que está lhe incomodando. Uma pessoa vai vir conversar com você daqui a pouco.

O “daqui a pouco” pode parecer uma eternidade em certos momentos, mas não nesse evento. Assim que ela terminou de falar, a porta se abriu novamente e dois homens entraram no quarto. Um deles eu reconheci como o médico que fez meu parto; o outro eu não consegui ver direito a primeira vista e eu realmente esperava que fosse meu amado, mas não era, eu não conhecia tal homem.

-Senhorita Scheid – começou o outro homem, aproximando-se de mim. – Oficial Santos, prazer – ele estendeu a mão e eu o cumprimentei com esforço. – Desculpe por atrapalhar sua refeição, mas há algo sério que precisamos conversar. – estranhei o tom que o homem usava, mas soltei o garfo, dando-lhe minha total atenção. – A senhorita conhece esse sujeito? – ele me mostrou uma foto e eu rapidamente reconheci o rosto.
-É meu namorado, algum problema com ele? – meu coração acelerou. O que teria acontecido com Dennis?

-A senhorita teve uma filha ontem, certo? Foi esse médico que fez o perto, correto? – eu apenas balancei a cabeça afirmativamente, minha cabeça girando. Não estava entendendo em nada o que acontecia. – Bom, sua filha foi registrada essa manhã e foi levada embora momentos depois por esse homem. Estamos procurando o tal Dennis Carvalho, mas ainda não temos nenhuma pista. Sinto muito. – ele disse, finalmente.
-O que? – foi tudo o que eu consegui dizer, eu ainda não havia entendido direito tudo, as palavras que o oficial havia utilizado eram muito difíceis para minha compreensão. – Eu não entendi!

-O seu namorado, Dennis Carvalho, pegou sua filha e foi embora! – disse a enfermeira, tentando ser o mais delicada possível, mas eu não queria nenhuma delicadeza.
-Isso é impossível. – eu dei um pulo quando as palavras finalmente entraram em minha cabeça confusa. – Estamos falando da mesma pessoa? Ele nunca seria capaz de fazer isso, ele me ama, ele ama nossa filha. Deve haver algum engano. – enquanto falava, eu pensava em quem eu estava tentando convencer: as três pessoas que estavam em minha volta ou a mim mesma?

-Não há nenhum engano; por mais que a senhorita pense que a possibilidade de ele fazer algo disso não exista, ele fez. – o oficial não era tão dócil quanto a enfermeira, as palavras deles eram frias e duras, assim como o tom que ele utilizava.

-Onde está meu bebê? – perguntei angustiada. – Onde ela está?

-Não sabemos. – o oficial foi seco. – Estamos investigando, mas não há pistas.

Eu olhei para o oficial, minha cabeça girava tanto que eu apenas via borrões diante de mim. Fechei meus olhos, não acreditando em tal história. As palavras de todos ainda ecoavam em minha cabeça; senti então a aproximação de alguém. Devagar abri meus olhos e, por meio das lágrimas, eu vi o médico bem perto de mim. Ele também tinha lágrimas em seus olhos, mas a dor era só minha, por mais que ele chorasse comigo, só eu sentia.

-Vamos deixá-la sozinha, se precisar de qualquer coisa, é só chamar. – dos três, ele era o mais sensível, mas eu não queria sensibilidade nenhuma, eu queria apenas ficar sozinha, e eu consegui, eles logo se retiraram.

Soltei meu corpo na cama e não segurei as lágrimas. Como ele pudera fazer tal coisa comigo? E todos os dias que havíamos passado juntos? E todos os momentos que ele me fazia sorrir e vice-versa? Todos os dias que ele me beijava o tempo todo, todas as vezes que ele dizia que me amava depois de abraçar forte? Nada disso significou alguma coisa para ele? E para piorar, por que tinha que levar minha filha? Por que ela? Na verdade, por que ele teve que ir embora? Não havíamos jurado amor eterno, não íamos no casar após o parto, quando nosso bebê crescesse um pouco?

Onde estava todo o carinho que por tempos ele me deu, que por tempos me manteve aquecida e protegida? Desprotegida, era assim que eu me sentia. Sozinha e desprotegida, eu estava agoniada, e as lágrimas que percorriam meu rosto não ajudavam em nada. E o que eu podia fazer? Presa a uma cama de hospital! O que eu tinha feito para ele fugir de mim de tal forma? Por que comigo? E eu nem havia visto minha filha.

Eu me sentia patética, largada pelo namorado após o parto. Havia pior fim que o meu? As lágrimas que saiam dos meus olhos não eram nada comparadas ao sangue que saia de meu coração apunhalado. Ele não batia mais, em meu pulmão faltava ar, meu corpo não funcionava mais, no meu cérebro uma única imagem fixa, um desejo que eu tivera por tanto tempo, de ter uma família com Dennis, duas meninas e um menino. Um sonho pelo qual eu tanto lutei, que eu quase conquistei. Sozinha, o frio do inverno de Londres que fazia o quarto ficar tão gelado não parecia nada; perto do frio que eu sentia por dentro, o primeiro me lembrava mais uma lareira.


3 comentários:

Martha disse...

Que legal essa nova coluna!! E quanto drama no texto, né? Amei!!

fabdosconvites disse...

Maravilhoso texto, espero que não termine como os contos. Bjs, Rose.

Anônimo disse...

Nossa, esse conto me deixou com o coração na mão. Que triste! Imagina como deve ser passar por isso? Ah, eu quero uma continuação, até porque não se pode deixar a mãe sozinha sem seu bebê. Imagina? Fiquei muito comovida com o conto e adorei seu texto, você escreve super bem! ^^
Beijos!!

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